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O Funk também ensina

Alexandre AGUIAR, Marcelo SAYAO

07 / 1995

Uma reportagem do Jornal do Brasil, assinada por Israel Tabak em 25/12/1994 apresenta um novo perfil da professora de ensino de primeiro grau, no Estado do Rio de Janeiro. Diz a matéria que está a caminho do arquivo a tradicional imagem da professora formada no Instituto de Educação, filha da melhor classe média carioca e "idealizada pelo samba canção". Entra em cena a figura da Professora proletária, moradora dos subúrbios ou baixada Fluminense, que deve repartir seu tempo de trabalho com atividades díspares como demonstração de eletrodomésticos ou digitação de microcomputadores em plantões noturnos.

A professora Adriana Madureira, de 23 anos, é um caso típico desse novo perfil do magistério. Ela é filha de um funcionário aposentado das Docas, irmã de um vigilante e formada pela Escola Heitor Lima, na Penha. Adriana sai todos os dias de sua casa em Saracuruna, distrito de Duque de Caxias, para o CIEP (Centro Integrado de Educação Pública)da Favela Nova Jerusalém, também em Caxias. Adriana dá aulas já no início da noite para um grupo de adolescentes e depois emenda pela madrugada fazendo plantão noturno como digitadora no escritório de uma das maiores redes de utilidades domésticas do Rio. Adriana gosta da profissão mas, assim como suas colegas, sente-se mais atraída pela estabilidade funcional do que propriamente pelo dia-a-dia da escola. Mas, a saída de cena da professorinha tradicional trouxe um benefício inesperado: o novo perfil do magistério estadual mostra uma profissional que - se continua mal preparada - está, pelo menos, mais próxima do aluno pobre, hoje clientela básica da escola pública. Por ser originária de uma realidade social semelhante, ela tem mais facilidade em penetrar no mundo do estudante e encará-lo com menos prevenção e preconceito, exatamente um dos males atribuídos à professora tradicional.

"A gente tem que zoar a maneira deles" - diz Adriana - tomando emprestado um dos verbos mais empregados pelos alunos. É por isso que Andréa usa normalmente a letra do funk que as crianças cantam para ensinar Português ou Integração Social.

Key words

popular education, education


, Brazil

Notes

Através do insentivo à produção e leitura de fichas de capitalização de experiências pedagógicas, a rede BAM pretende favorecer a um processo de formação continuada junto a coletivos de educadores de jovens e adultos (hoje, existentes nos estados do Rio de Janeiro e Pernambuco). Está apoiado numa metodologia que valoriza a autoria e promove a interação entre educadores de diferentes contextos.

Source

Original text

SAPÉ (Serviços de Apoio à Pesquisa em Educaçào) - Rua Evaristo da Veiga, 16 SL 1601, CEP 20031-040 Rio de Janeiro/RJ, BRESIL - Tel 19 55 21 220 45 80 - Fax 55 21 220 16 16 - Brazil - sape (@) alternex.com.br

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