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Moçambique uma nação em construção.

Os desafios da construção da agricultura em Moçambique.

Fernando Augusto GOLDBACH

O desafio de construir uma agricultura sustentável em um lugar onde pouco se tem é um processo lento e que levará gerações para se concluir. A União Nacional de Camponeses (UNAC), como a maior organização moçambicana e a única que atinge todas as províncias, integra mais de 65.000 camponeses e já está lutando para chegar a um modelo de agricultura sustentável.

Moçambique tem um aspecto único, onde se tem terras disponíveis, onde todos que querem conseguem o acesso a terra, e essa terra é do povo e gerenciada pelo povo em comunidades locais.

A avançada legislação da terra é um dos maiores orgulhos e conquista daquela nação. É baseada em um modelo socialista, onde a terra é do Estado por representar todo o povo e esse garante o direito e acesso a terra a todos, sem distinção de sexo, e que garante o direito de uso aos herdeiros.

Ter o livre acesso a terra é sem dúvida a forma mais justa para o desenvolvimento, mas não é a solução para a população paupérrima daquele país. A população não tem ferramentas para cultivar essa terra, não tem sementes, não tem dinheiro para comprar e não tem informações sobre as técnicas de como tirar o melhor proveito dessa terra. A renda per capita daquele país é de US$ 210,00, o que o coloca entre um dos mais pobres do mundo.

Em muitos países se discute o problema dos latifúndios, das grandes empresas que tem muita terra e o povo não tem onde cultivar o alimento para sua família. Em Moçambique se tem terras de qualidade, terras férteis onde o clima é temperado. Mas famílias tem muitas vezes 4 ou 5 vezes mais terras do que são capazes de cultivar, porque sequer tem um animal para ajudar no cultivo.

O trabalho de estruturação de uma agricultura ainda enfrenta outra barreira que é crucial para o sucesso do processo, que é o acesso à informação. O índice de analfabetismo está em torno de 56% e, além do português que é a língua oficial, tem-se outras 50 que impidem a difusão maciça das informações e a mobilização social para os temas de relevante importância.

A descrição de Moçambique por feita Amadé Suca, um moçambicano formado em relações internacionais e diplomacia, em momento algum teve um aspecto de lamentos ou de tristeza. O que foi exposto era uma paixão pela nação, por uma causa tão difícil e complexa, onde além de mobilizar-se também tenta contagiar a todos com o espírito de luta, orgulho pelas conquistas e a força necessária para encontrar soluções. Soluções simples e factíveis que a situação precisa.

A dificuldade da divulgação de informações estão sendo superadas com rádios comunitárias que repetem as informações nas línguas locais. Tem-se somado esforços também no treinamento técnico de pessoas das comunidades, que se tornam replicadores desse conhecimento. No momento contam com 10 formadores nacionais e mais de 30 formadores provinciais, todos moçambicanos, permitindo assim a passagem do conhecimento na língua das comunidades. Busca-se também organizar as comunidades para que tenham posturas ativas, que se envolvam nas questões políticas da sua terra e da sua gente, que combatam a cultura essencialmente machista que leva a mulher a uma situação de « inexpressividade » social.

Hoje também busca ajuda em cooperações internacionais em intercâmbios de alunos que queriam conhecer e colaborar nas questões sociais, em acordos de compartilhamento de tecnologias e cooperação entre movimentos de causas semelhantes na África e em outros continentes.

O foco nas soluções dos problemas passa também por uma ampla análise das questões nacionais de Moçambique. A crescente propagação do vírus da AIDS, que passou de 3,3% da população contaminada em 1987 para alarmantes 16% em 2000, aumenta a uma velocidade de 700 infecções por dia resultando numa drástica diminuição de crescimento populacional, que era calculada em 20,3 milhões de pessoas em 2006 e que agora aponta para 18,3 milhões. A impagável dívida externa que está em torno de 6 bilhões de dólares, política de proteção aos produtos agrícolas internos, que competem de maneira desigual com os produtos estrangeiros, bem como a forte tentativa de pressionar governos estrangeiros para mudar a política em relação aos países pobres também pautam a sua agenda.

Palavras-chave

reforma agrária, luta pela terra, propriedade fundiária, organização camponesa, luta contra a pobreza, difusão da informação

dossiê

Foro Mundial sobre la Reforma Agraria (FMRA)

Comentários

Moçambique é uma terra que há séculos sofre com infortúnios que levam o povo a uma situação de subdesenvolvimento agudo. A sua independência recente foi conquistada tendo que se pegar em armas. Depois tiveram 16 anos de guerra civil, seca e inundações levando o povo a uma situação de letargia, todos querem ser ajudados e já não sabem mais como construir as suas próprias soluções. A mudança já começou com as iniciativas como a da UNAC representado por Amadé Suca, e se ele conseguir multiplicar a sua força e paixão pela causa no seu país, certamente o futuro de Moçambique está garantido como algo muito melhor.

Notas

Esta ficha fue realizada durante el Foro Mundial sobre la Reforma Agraria (FMRA), organizado por el CERAI en Valencia (España) del 5 al 8 de diciembre del 2004. La colecta de experiencias fue conducida por ALMEDIO Consulting (www.almedio.fr) gracias al apoyo de la Fondation Charles Léopold Mayer.

Fonte

Entrevista

SUCÁ, Amadé

Organisme-contact :

União Nacional de Camponeses Moçambique (UNAC)

CERAI (Centro de Estudios Rurales y de Agricultura) - C/ Del Justicia, nº 1, puerta 8, 46004 Valencia, ESPAÑA - Tel.: +34 963 52 18 78 - Fax: +34 963 52 25 01 - Espanha - www.cerai.es - administracion (@) cerai.es

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