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A Cidadania faz hortas Comunitarias - I

Lea TIRIBA, Fernanda VENEU

02 / 1995

Nordeste brasileiro, estado da Paraiba, municipio de Areias, 28.000 habitantes. Regiao de grandes latifundios e de trabalhadores sem terra, de grandes fortunas e de muitos miseraveis: na Paraiba, mais de l,5 milhoes de pessoas, o equivalente a 47,23% dapopulaçao do estado, vivem na indigencia, 59,26% dos quais na area rural.

Em meados de 1993, alguns moradores de Areias resolveram criar um comite da Açao da Cidadania contra a Miseria e pela Vida. Eram trabalhadores vinculados a Prefeitura Municipal, ao Sindicato de Trabalhadores Rurais, a Caixa Economica Federal, ao Banco do Brasil, a um colegio de religiosas, a maconaria e ao campus da Universidade Federal da Paraiba na cidade.

O trabalho comecou com um levantamento das condicoes de vida da populaçao: um grupo de jovens da cidade foi mobilizado para a tarefa. O resultado do levantamento definiu a prioridade do comite. ao inves de distribuir alimentos, seus integrantes decidiram buscar solucoes concretas para a situaçao de desemprego e sub-emprego deaproximadamente 250 familias.

A primeira iniciativa foi criar uma horta comunitaria para o plantio de legumes e verduras. Dos cinquenta hectares solicitados a Universidade, foi cedido apenas um. Mas nao era possivel desanimar. Na esperanca de transformar suas vidas, e em troca apenas de alimentaçao, 12 familias iniciaram o trabalho de desmatamento da pequena area localizada no interior do Campus 3 da Universidade Federal da Paraiba. Munidos de algumas poucas ferramentas doadas pela Empresa de AssistenciaTecnica e Extensao Rural (EMATER), comecaram a demarcaçao e preparaçao dos canteiros. Alem de cafe da manha, almoco e um lanche no final da tarde, cada uma das familias podia levar para casa, semanalmente, uma cesta basica de alimentos: tudo conseguido pelo comite atraves de gincanas e campanhas de solidariedade promovidas nas escolas e entre comerciantes locais. Pouco tempo depois, outros beneficios foram conquistados: proximo a horta comecou a funcionar uma creche para as criancas filhas dos agricultores, e tanto as criancas como os adultos necessitados passaram a ser encaminhados para tratamento dentario.

Com o passar dos meses o volume de doacoes de alimentos diminuiu, mas a esta altura a horta ja comecava a dar frutos: alface, cenoura, coentro, beterraba, maxixe e quiabo. Produçao suficiente para manter as familias alimentadas e para oferecer a cada uma delas uma renda de 5 reais semanais, fruto da venda dos produtos de porta em porta e nas feiras populares, a precos inferiores aos de mercado.

Embora 5 reais semanais (US$ 6)estejam muito longe de suprir o conjunto de necessidades de uma familia, o fato e que nessa regiao do pais, em que a propriedade da terra esta concentrada na mao de poucos e o emprego e escasso, este valor somado a cesta basica assegura, pelo menos, que as pessoas nao morram de fome. Para se ter uma ideia da baixa remuneraçao da regiao, a prefeitura municipal paga 18 reais mensais a seus funcionarios de menor nivel.(A CONTINUER)

Palavras-chave

fome, solidariedade


, Brasil, Paraiba, Areias

Notas

Ficha preparada por FIGUEIREDO, Hermila

Fonte

Relatório

PACS (Instituto Politicas Alternativas para o Cone Sul) - Av. Rio Branco, 277, sala 1609 – Centro – Rio de Janeiro - RJ - BRESIL - CEP: 20.040-009 - Fone/fax: (21) 2210-2124 - Brasil - www.pacs.org.br - pacs (@) pacs.org.br

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