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diálogos, propuestas, historias para uma cidadania mundial

Primeiros passos de uma professora, primeiras emoções

Maria da Graça ESPERANÇA

03 / 1996

Gente, vocês não sabem da maior! O grupo de alfabetização de Adultos da Senador Correia me chamou para participar do grupo de professores de lá! Acho que essa foi uma das melhores coisas que já me aconteceu! O máximo, não? Além de ser uma equipe porreta, super legal, o projeto é muito interessante, instigante. É tão bom quando acontecem coisas boas na vida da gente! Esse convite me deixou toda boba, trabalhar com Florine, Zezé e Sônia, numa proposta aberta, consciente e séria, é demais! Pena que a minha entrada no grupo se deva a saída do Marcelo, super ocupado agora com o mestrado. Marcelo é uma pessoa fantástica, muito criativo e inteligente (e eu espero e desejo que ele me dê um apoio, um help). Primeiro, fiquei eufórica, mas logo depois deu um medão brabo. Medo, insegurança, dúvidas, expectativa, ansiedade, tudo misturado. A minha segunda reação após esse medo todo foi pensar em desistir - não, eu não tenho condição, eu não vou conseguir, eu nunca fiquei sozinha numa sala de aula - mas, como sou do contra (vocês ja perceberam, né?)e adoro um desafio, aceitei. Ah! Que bom! Ai! Que medo!

Quando eu falei para o pessoal da Senador que eu estava morrendo de medo, elas me disseram que era assim mesmo, que todo mundo sente, que isso é um bom sinal, sinal de responsabilidade, de que a gente não acha que "sabe tudo", etc e tal... Eu até concordo, mas o medo não diminui, só fica meio de lado na espreita. E já estou começando a achar que esse medo pode me ajudar a ficar sempre alerta para perceber como as coisas rolam.

Um dos sinais da minha ansiedade foi logo começar a pensar como que seria, o que poderia fazer (será que dou conta?)e quis ir logo procurando uma fórmula, um jeito para me agarrar e sentir mais segurança. Quando comecei a falar sobre isso com o Alexandre (obrigada, amigo!), que estava pensando em ler aguma coisa sobre a história da escrita para dar aos alunos uma idéia mais geral desse sistema e tal, o Alex deu um toque que foi perfeito: que eu parasse de ficar tão preocupada em trazer alguma coisa pronta e deixasse que nesse primeiro contato as coisas fluíssem para sentir melhor o que os alunos trazem, como são, o que querem, enfim, em vez de ir logo jogando coisas em cima deles, dar e ter espaço para uma troca, afinal, nós nem fomos apresentados ainda! E se eu que tenho alguma experiência (muito pouca, é verdade)estou com tanto medo, imagina os alunos? Quantos sonhos, tristezas, problemas e receios eles não enfrentaram até chegar a decisão de aprender, se matricular num curso de alfabetização? Estamos todos no mesmo barco e navegar é preciso.

Bom, essas foram as primeiras das muitas emoções e surpresas que me aguardam. Bom, né? Bom demais. Vamos ver como é que a gente se sai. Tomara que dê certo! Eu já tenho uma grande vantagem, ter todas essas pessoas maravilosas ao meu lado - ter participado dos seminários foi fundamental -, e uma proposta, um projeto como esse da Senador Correia e do SAPÉ. É o máximo!

Obrigada, pessoal!Valeu!

Palavras-chave

educação popular


, Brasil, Rio de Janeiro

Notas

Através do insentivo à produção e leitura de fichas de capitalização de experiências pedagógicas, a rede BAM pretende favorecer a um processo de formação continuada junto a coletivos de educadores de jovens e adultos (hoje, existentes nos estados do Rio de Janeiro e Pernambuco). Está apoiado numa metodologia que valoriza a autoria e promove a interação entre educadores de diferentes contextos.

Fonte

Relato de experiencias ; Texto original

SAPÉ (Serviços de Apoio à Pesquisa em Educaçào) - Rua Evaristo da Veiga, 16 SL 1601, CEP 20031-040 Rio de Janeiro/RJ, BRESIL - Tel 19 55 21 220 45 80 - Fax 55 21 220 16 16 - Brasil - sape (@) alternex.com.br

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