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diálogos, propuestas, historias para uma cidadania mundial

Por que não o educador ?

Yaponira Machado BARBACHAN

07 / 1996

Aos poucos começo a retomar o registro, pegando mais uma bola lançada pelo Coletivo. Realmente, a concretização do Banco de Ajuda Mútua - BAM - é um gostoso desafio para todos nós. Vai surgindo uma rede de idéias, reflexões, interrogações,inquietações, experiências, enfim uma produção de cultura, de conhecimento e de saberes.

Por certo, estamos tecendo a cada momento nossa história, na convicção de que é possível desencadear um processo de contaminação quando a aventura da leitura e da escrita torna-se um prazer.

Tudo isto traz conseqüências significativas para a discussão de nossa prática. Transforma-se num exercício de criação, retira todos nós da passividade e nosjoga no espaço da troca, dos conflitos, das dúvidas, das tradições, da ação, do reelaborar.

Bom seria que esse processo começasse a arrebanhar outros educadores de forma a enriquecer essa rede de formação.

Ultimamente, as discussões que tivemos no Coletivo de Pernambuco chamam nossa atenção para a questão do educador e a demanda da sociedade.

Fala-se de crise social. Fala-se de crise da escola pública. Por que essa escola não vem respondendo ou cumprindo sua função social? Sabemos que sua grande expansão ocorreu à revelia da qualificação. Mas o que seria para nós essa qualificação? Como poderá a escola desenvolver uma verdadeira ação cultural se, na prática, ela não consegue ensinar a ler e escrever bem e, muito menos, formar escritores e leitores?

Na medida em que se constata que as crianças que têm acesso à escola não conseguem aprender, ganha destaque o "reverso da medalha". Os professores, como aprendem? O que têm a ver com tudo isso? A escola, o professor parece não entender o que o aluno sabe, como ou porque ele não aprende. A cada dia, a cada mês, a cada ano seu aluno apresenta um determinado perfil, o tempo passa e muitos desconhecem o que nele muda e com que intensidade.

As teoria de educação mais recentes afirmam que a criança aprende por inteiro, faz relação entre aquilo que aprendeu e sabe, com o que está aprendendo naquele momento. Na relação entre pessoas potencialmente iguais este processo é reforçado, apesar das diferenças culturais. Além do mais, experiências e depoimentos têm demonstrado que o aluno aprende melhor se o professor nele acredita e assume uma atitude pedagógica de defesa de seus interesses.

De fato, o professor na condição de mediador na relação pedagógica, tem muito a ver com tudo isso. Partindo do pressuposto de que - só ensina quem aprende, é fundamental que esse professor tenha clareza do seu próprio processo de formação.

Retomamos ao "reverso da medalha". O que o professor conhece e como vem aprendendoe ensinando, é nossa grande questão. Conteúdos, teorias, técnicas, bastam? E como são por ele apropriados? Não temos mais dúvidas que é a sua própria identidade que está em discussão. Quais são suas perspectivas enquanto pessoa/profissional? Possivelmente, descobrindo-se reencontra-se enquanto educador nos seus alunos, reunindo emoções, lembranças, esperanças, dúvidas e certezas.

Entãa nossa discussão pedagógica passa pela formação/competência/capacidade do professor comprometido com os interesses populares. Seu sucesso estaria no sucesso de seu aluno.

No processo de auto-formação ele precisa se trabalhar: Quem sou eu? Quem sou eu na minha escola? Na minha sala de aula? Descobrir-se, avaliar o que sabe, refletir suas relações e trocar no coletivo da escola. Pensar no que isso significa ou não, tomar consciência, compreender como essa coisa se concretiza no cotidiano da escola e do resto do mundo. Como, nessa época de crise, o educador fugir de atitudes espontaneístas e repetitivas, como sair do ativismo, navegando sem tempo e sem rumo ou à espera de salvadores da pátria?

"Caminhante, caminhando tu reaprendes e refazes tua caminhada".

Palavras-chave

educação popular, educador, educação


, Brasil, Pernambuco

Notas

Através do insentivo à produção e leitura de fichas de capitalização de experiências pedagógicas, a rede BAM pretende favorecer a um processo de formação continuada junto a coletivos de educadores de jovens e adultos (hoje, existentes nos estados do Rio de Janeiro e Pernambuco). Está apoiado numa metodologia que valoriza a autoria e promove a interação entre educadores de diferentes contextos.

Fonte

Texto original

SAPÉ (Serviços de Apoio à Pesquisa em Educaçào) - Rua Evaristo da Veiga, 16 SL 1601, CEP 20031-040 Rio de Janeiro/RJ, BRESIL - Tel 19 55 21 220 45 80 - Fax 55 21 220 16 16 - Brasil - sape (@) alternex.com.br

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