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Rede Brasileira de Socioeconomia Solidária

Pauline GROSSO, Rosemary GOMES

06 / 2003

Constituída em junho de 2000 no Encontro Brasileiro de Cultura e Socioeconomia Solidária realizado em Mendes, no RJ, com organizações de economia solidária da diversas regiões do país, a Rede Brasileira de Socioeconomia Solidária-RBSES é um bloco histórico em formação, confrontando o sistema e a globalização capitalista, tendo um projeto de construção, de baixo para cima, da socioeconomia solidária, afirmando os valores do trabalho emancipado, propriedade e gestão cooperativas dos meios de produzir as riquezas e reproduzir a vida, a constituição de sujeitos do seu próprio desenvolvimento pessoal e social e o combate toda forma de opressão e exploração econômica, política e cultural. A RBSES não disputa a representação deste bloco histórico, sendo simplesmente uma parte dele, interligada de forma colaborativa e mesmo confrontativa com outras partes deste mesmo bloco.

O que a RBSES busca e como pretende realizá-lo:

  • intervir em todo o processo econômico;

  • construir cadeias produtivas integradas vertical e horizontalmente, com redes de produtores e consumidores, que atuam de forma cooperativa e solidária, e constituem um espaço crescente de socioeconomia solidária no interior do próprio capitalismo em oposição a ele;

  • integrar produção, comercialização, consumo, crédito como um sistema harmônico e interdependente, coletivamente/democraticamente planejado e gerido, que serve ao objetivo comum de responder às necessidades de sobrevivência e reprodução sustentável da vida de todas as cidadãs e cidadãos em todas as suas dimensões, inclusive, nos âmbitos da cultura, arte e lazer;

  • organizar e fortalecer redes locais, regionais, nacional e global que articulem empreendimentos de socioeconomia solidária, articulando e integrando as diversas práticas de sócioeconomia solidárias, movimentos populares, sindicais e demais organizações da sociedade civil que compartilhem o espírito da solidariedade;

  • criar selo de qualidade, logomarcas e outros instrumentos que fortalecem a identidade da rede e a confiança do consumidor;

  • criar instrumentos de comunicação, financiamento, capacitação tecnológica e integração dos saberes internos às redes;

  • maximizar o uso e a extensão da informática para fortalecer a comunicação, com a difusão de programas livres e solidários e a criação ou reforço de portais na Internet;

  • multiplicar formas de comunicação;

  • atuar na educação de produtores e consumidores;

  • resgatar os saberes presentes nas diversas ações de economia popular;

  • criar e apropriar-se de novas tecnologias sustentáveis;

  • viabilizar a autogestão coletiva.

As redes de economia solidária integram empreendimentos e organizações locais, que podem conformar fóruns e redes estaduais e estabelecer comissões em diversos âmbitos, inclusive de caráter regional e nacional.

A sua atuação frente ao Estado varia conforme o caráter dos poderes constituídos, podendo ser de parcerias, acordos pontuais e ações de pressão ou resistência, preocupando-se com a legislação cooperativa, o crédito (visando linhas de crédito oficiais a juros condizentes com empreendimentos sociais), oportunidade - acesso, em tempo hábil, a editais de licitação para fornecimento de bens e serviços ao Estado - políticas públicas de fomento aos empreendimentos sociais.

A estratégia da RBSES compõe objetivos e ações nas áreas de produção, comercialização, consumo, comunicação e crédito.

No campo da produção trata-se de: garantir grande diversidade de produtos e serviços; qualidade e qualificação, zelando pela qualidade dos produtos e serviços; compras em conjunto de insumos para redução de custos; reconstrução solidaria das cadeias produtivas, iniciando quando possível pela ponta do consumo; compromisso com o consumidor de manter oferta sustentada; respeito ao meio ambiente; implantação de um selo de responsabilidade social/ambiental; colocar o trabalho emancipado, o conhecimento e a criatividade dos trabalhadores como o valor central da socioeconomia solidária; autogestão como modo de empoderamento dos trabalhadores para controlar o processo produtivo e o produto do seu trabalho; complementaridade e solidariedade como modo de articulação com outros empreendimentos associativos e cooperativos; incorporar, criar e compartilhar tecnologias sustentáveis.

No campo da comercialização trata-se de: estar sempre atento a qualidade, embalagem e frete, compondo custos com sustentabilidade social e ecológica; possibilidade de alugar containers em comum para facilitar exportações; produzir catálogo de produtos, serviços e fornecedores; localizar as necessidades dos consumidores e produtores; desenvolver logística solidária de distribuição e armazenagem; cultivar a relação produtor-consumidor; na construção das cadeias produtivas solidárias, buscar maximizar a cooperação entre produtores e consumidores, eliminando, o máximo possível, o atravessador que explora; considerar os mecanismos de comercialização capitalista para superá-los (apropriando-se do que for positivo e ultrapassando-os criativamente) pela comercialização justa e solidária; gerenciar corretamente a informação, pois o maior trunfo do atravessador não é o transporte, mas a informação; compreender o encadeamento solidário dos diversos serviços entre o produtor e o consumidor como parte da construção de cadeias produtivas solidárias; organizar mercados (pontos de comercialização) permanentes.

No campo do consumo, trata-se de: organizar redes de consumo, considerar as pessoas e entidades que fazem parte das redes em seu potencial de demandas, como consumidores a serem atendidos; cuidar das embalagens, evitando a poluição e criando facilidades ao consumidor pela sua praticidade e informação sobre os produtos; organizar pólos de troca e distribuição; realizar propaganda educativa; planejamento integrando demanda e produção; controle da qualidade de produtos e serviços, para bem atender os consumidores; desenvolvimento de novos produtos.

No campo da comunicação e educação, trata-se de: desenvolver práticas de comunicação e difundir materiais de informação; realizar visitas mútuas entre os diversos empreendimentos; instituir centros de referência de comunicação e informação que atuem como facilitadores; aproveitar espaços nas rádios e TVs comunitárias; produzir vídeos populares; ampliar acesso aos sítios da Internet para aceder e distribuir materiais educativos, realizar negócios, etc.

No campo das finanças, trata-se de: desenvolver uma estrutura para autogestão do crédito e dos recursos; difundir organizações de crédito ético; estabelecer fundos de poupança interna, garantindo à rede autofinanciamento, autonomia e apoio a novos empreendimentos.

No portal www.redesolidaria.com.br estão disponíveis, entre outros serviços, sistemas de busca para localização de produtos e serviços solidários ofertados nos diversos estados do Brasil, que futuramente estarão interligados em sistemas de comércio eletrônico; sistemas que localizam empreendimentos por cadeias produtivas; fóruns eletrônicos, áreas de transferência tecnológica, incluindo softwares livres e solidários que podem ser utilizados livremente nos empreendimentos solidários; mapeamentos de empreendimentos de economia solidária no Brasil e no exterior; materiais pedagógicos para atividades de educação popular sobre redes de economia solidária; biblioteca, com estudos disponíveis em diversos níveis de aprofundamento; área de pesquisas com elos para diversas páginas na Internet sobre temas afins. O sistema interativo do portal permite a qualquer interessado, com grande facilidade, enviar e receber mensagens ao conjunto dos participantes da RBSES, compartilhar informações, participar de votações diretas ou diálogos em tempo real, compartilhar tecnologias, realizar negócios, etc.

Key words

economic solidarity, local development, social economy


, Brazil

file

Economia solidária na França e no Brasil

Source

Book

“Construindo a Rede Brasileira de Socioeconomia Solidária", RBSES – Mendes, junho de 2000 - Publicado na Série Semeando Socioeconomia, n. 4 - PACS, Rio de Janeiro, 2000.

Site da Rede Brasileira de Socioeconomia Solidária : [www.redesolidaria.com.br

ABONG (Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais) - Rua General Jardim, 660 - 7º andar - Vila Buarque Cep: 01223-010 São Paulo - SP- BRASIL - Fone/fax: (55 11) 3237-2122 - Brazil - www.abong.org.br - abong (@) uol.com.br

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