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Algumas impressoes sobre o uso e a estrutura das fichas DPH

Clàudia PETRINA

11 / 1993

O meu primeiro contato com a ficha DPH em setembro de 1992 veio carregado de muitas incertezas, como por exemplo: Quais aspectos selecionar num texto, artigo, entrevista, etc? Qual a linguagem apropriada a ser utilizada? Quem leria a informacao? Enfim, duvidas que geravam uma certa morosidade e inseguranca na confeccao das fichas, alimentadas pela sensacao de que havia uma limitacao ao processo de criacao da informacao.

Isso se dava apesar de ter sido explicitado na nossa primeira sessao de formacao no Rio de Janeiro, que a subjetividade do autor deveria estar em primeiro lugar, o que daria um carater singular a cada ficha, deixando claro que a ficha universal-padrao nao existia. Mas certas recomendacoes basicas para a redacao dos resumos das fichas, tambem mencionadas na primeira sessao de formacao, como a selecao de alguns aspectos do texto-base, a busca de uma linguagem simplificada e o limite de espaco de 40 linhas para o resumo, parecia esvaziar o espaco concedido a liberdade de subjetividade do autor da ficha, como se uma coisa inibisse a outra. A sensacao que permanecia era a de que havia algumas diretrizes a serem seguidas, ate mesmo com o intuito de diferenciar a ficha DPH de uma ficha documental tradicional.

Com o passar do tempo a minha familiarizacao com a ficha foi crescendo devido a frequencia com que as redigia e com o intercambio de experiencias de redacao com outros membros da rede. O processo de construcao da ficha, desde a escolha do texto ate a propria redacao dos resumos e comentarios tornou-se mais facil. Atualmente, parece haver uma maior flexibilidade e transparencia na estrutura da ficha e nas questoes que estao diretamente ligadas a sua forma e conteúdo.

Por exemplo, em setembro de 92 nao tinhamos clareza de qual era o público com o qual dialogavamos atraves da rede, e isso parecia se constituir num entrave, assim, havia a ideia da necessidade da "universalidade" da informacao da ficha, no sentido de que esta informacao deveria ser compreendida por qualquer um dos integrantes da rede, independentemente da tematica que tratasse e da afinidade do leitor com o tema. Isso por um lado ampliava o numero de leitores e consequentemente, havia uma maior democratizacao da informacao, mas por outro lado, intimidava o produtor da ficha, dado o desafio nao-habitual de transformar sua linguagem mais elaborada, mais conceitual, numa linguagem mais simplificada, e principalmente num espaco de 40 linhas.

Hoje, o medo inicial de nao se fazer entender para um publico diverso, tem diminuido bastante. Talvez, porque agora, considere a diversidade dos integrantes da rede um fator positivo e multiplicador da informacao e nao mais um fator limitador. Ha uma percepcao de que uma ficha nunca tera a mesma utilidade para todos os grupos, mas atingira um grupo especifico, dada a area de interesse especifica de cada leitor. O que nao implica na perda da busca da "universalidade" da ficha, no sentido de divulgar as nossas experiencias para o maior numero de parceiros possivel.

Agora, parece que estamos mais proximos do entendimento pratico do que seja a "informacao util para a acao", pois percebemos que uma determinada informacao sera util para a acao de um determinado grupo. Isso gerou uma maior tranquilidade para o redator das fichas que sem perder a perspectiva de uma linguagem simplificada, pode aprofundar mais o tema, gerando a melhoria da qualidade da informacao. Essa transformacao veio acompanhada de uma mudanca recente na forma da ficha, que foi o aumento de 40 para 60 linhas.

A pratica de redigi-las tornou-se tao natural, que as recomendaçoes para sua elaboraçao e redaçao, antes consideradas um impecilho fazem parte agora, do meu estilo de escrever.

Talvez agora seja mais facil a adaptacao das fichas ao nosso cotidiano, a nossa realidade de trabalho. Assim, a resistencia a integracao da ficha DPH a nossa dinamica institucional podera diminuir. A ideia de se democratizar a informacao para que esta seja util para a acao e fundamental para o avanco dos movimentos sociais em geral, e o instrumento (ficha DPH)esta avancando em sua construcao para viabilizar tal proposta.

Key words

Brazil

Comments

A ideia de fazer uma analise do uso e da aceitacao das fichas DPH como meio de divulgacao de conhecimento e experiencias, no trabalho especifico da area de estrutura agraria do IBASE, surgiu da resistencia ao uso da ficha como meio de troca de informacao, justificada pelo reduzido numero de linhas do resumo, o que acarretaria uma abordagem superfical do tema, principalmente tendo em vista que a ficha era concebida como "uma carta a uma amigo desconhecido", implicando numa necessidade de contextualizacao e explicacao basica do tema abordado. Considero importante uma reflexao acerca da experiencia dos membros da rede DPH, sobre os entraves, as resistencias e/ou aceitacoes encontradas na adaptacao das fichas documentais à realidade de trabalho e de producao de conhecimento das varias entidades e membros individuais da DPH, para que junto possamos aperfeiçoar esse instrumento, fazendo com que a informacao util para a acao se concretize de forma mais eficaz.

Source

Other

SILVA, Claudia Petrina, IBASE=INSTITUTO BRASILEIRO DE ANALISES SOCIAIS E ECONOMICAS, IBASE, 1993 (Brazil)

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