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dialogues, proposals, stories for global citizenship

Como o Professor do Projeto Educar para a Vida alfabetiza

Cláudia de Souza SALDANHA, Ednéa Barbosa NEVES

03 / 1996

Alfabetizar é um desafio tanto para o professor quanto para o aluno. Os dois estão juntos num processo de rompimento de barreiras, ultrapassagem de limites. O primeiro tem que abrir espaços dentro de si, antes ocupados por idéias pré-concebidas, para conhecer sem julgar, criar sem impedir o crescimento do outro, ser sem oprimir. O segundo tem a necessidade de participar da sociedade da qual não se sente inserido, por não saber ler e escrever, mas, em geral, ao mesmo tempo, o sentimento de inferioridade é tão presente que eles estão sempre enxergando barreiras intransponíveis, principalmente no tocante ao aluno do PEJ (Programa de Educação Juvenil - Secretaria Municipal de Educação - RJ), em sua maioria trabalhadores que convivem diariamente com pessoas de sua faixa etária e que já conquistaram algum espaço através de seus conhecimentos.

O professor alfabetizador do PEJ é aquele que acredita na sua própria capacidade de ensinar e está aberto para aprender sempre.

Não existe "receitas" para alfabetizar, nem mesmo os professores do PEJ elegeram um "método eficiente" de alfabetização, o que se tem é uma prática dentro de uma filosofia onde o aluno é visto como detentor de conhecimentos diversos, e estes são valorizados à medida em que o professor parte deles para conduzir o aprendizado.

Cabe agora explicitarmos como isso se dá efetivamente.

A prática de alfabetização inicia-se quando o aluno vem procurar o PEJ e precisamos descobrir qual o nível de alfabetização em que se encontra para que seja incluído em uma turma. Ele, então, recebe uma folha para fazer uma representação do momento em que está vivendo: pode ser através de desenho ou escrita. Estando ele no nível que for já percebe que é capaz de se expressar através de registros.

Estando em sala de aula, o aluno é levado a pensar criticamente em assuntos do dia-a-dia ao mesmo tempo que expõe suas idéias e opiniões discutindo com os colegas.

O resultado de tudo isto é a construção de um texto único. O texto fica exposto por algum tempo e é trabalhado diversificadamente: ora com leituras orais, ora trocando palavras.

O trabalho é desenvolvido, a maior parte do tempo, em grupos, facilitando a troca de conhecimentos, e estimulando uma maior socialização entre eles.

Ainda para o enriquecimento do processo de alfabetização, temos utilizado jogos, letras de música, atividades que surgem no decorrer do processo.

Todas as atividades são desenvolvidas no sentido de resgatar a auto-estima do aluno, mostrando que ele é capaz de produzir, que seu conhecimento anterior é também muito importante.

Falar em interação professor-aluno, partir do conhecimento do alfabetizando e outros conceitos, pode parecer "lugar comum", mas é assim que funciona o PEJ e é por isso que conseguimos obter resultados satisfatórios e, até mesmo, surpreendentes.

Key words

elimination of illiteracy, popular education, education


, Brazil, Rio de Janeiro

Notes

Através do insentivo à produção e leitura de fichas de capitalização de experiências pedagógicas, a rede BAM pretende favorecer a um processo de formação continuada junto a coletivos de educadores de jovens e adultos (hoje, existentes nos estados do Rio de Janeiro e Pernambuco). Está apoiado numa metodologia que valoriza a autoria e promove a interação entre educadores de diferentes contextos.

Source

Original text

SAPÉ (Serviços de Apoio à Pesquisa em Educaçào) - Rua Evaristo da Veiga, 16 SL 1601, CEP 20031-040 Rio de Janeiro/RJ, BRESIL - Tel 19 55 21 220 45 80 - Fax 55 21 220 16 16 - Brazil - sape (@) alternex.com.br

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