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Democracia representativa e exercío democrático no cotidiano

(Démocratie représentative et exercice démocratique au quotidien)

Cleide Figueiredo LEITAO

06 / 1997

Hoje quando se pensa em participação política uma questão recorrente é sobre o caminho a seguir. Entre as opções podemos aqui escolher duas: o conhecido caminho das instituições democráticas representativas ou a de um exercício democrático mais ligado ao cotidiano, a interesses mais imediatos e concretos. Embora possamos adiantar que tais opções não são excludentes: pelo contrário, são complementares e necessárias à consolidação da democracia.

Há uma máxima contada geralmente em tom galhofeiro que aponta a democracia como o sistema político mais trabalhoso, tanto na sua instauração, quanto no seu exercício. Apesar da brincadeira, a democracia continua sendo (pelo menos em tese)o mais adequado sistema por considerar, sobretudo, a diversidade dos sujeitos.

Podemos constatar que a crise que assola a democracia representativa tem a sua origem na distância que a política foi tomando das aspirações, desejos e necessidades de grande parte da população. A política exercida pelo legislativo e pelo executivo passou a adquirir a representação de um lugar, distante e inacessível onde se exerce o poder, se tomam decisões que afetam a sociedade.

É um lugar distante da maioria das pessoas, pobres e trabalhadoras, apesar da necessidade dos votos dessas mesmas pessoas por ocasião das eleições.

A ruptura entre o que é prometido na época de eleição e o que é cumprido no mandato ocasiona o descrédito da população nos políticos e governantes e explica em boa parte a crise em que vivemos. O exercício democrático se empobrece demasiadamente se limitarmos essa participação somente à convocação ao voto. É preciso uma prática que inclua escolhas, decisões, verificações entre a retórica e o realizado para que possamos escolher melhor os candidatos que nos representam e, principalmente, deslocar o foco do poder.

Se a constatação procede, não basta também só reivindicarmos do Estado o que lhe compete como atribuição, mas propormos os termos que garantam, de um lado, as aspirações e necessidades, sobretudo, da população pobre e trabalhadora e, de outro, a criação de meios onde o exercício da democracia não exija um capital cultural específico mas que esse aprendizado se faça "in locum", ou seja, no interior de alternativas de mediações entre o que são hoje instituições como sindicatos, associações, partidos políticos e os interesses comunitários.

Temos como exemplo de novos espaços de mediação: os fóruns, os conselhos tutelares, os coletivos, enfim, espaços onde se exercita um novo aprendizado democrático que, sem ser corporativo, agrega diferentes pessoas em prol de um interesse comum. Talvez seja cedo para avaliar o impacto dessa atuação e o que ela produz. No entanto, essa forma de atuar tem se mostrado necessária e produtiva.

É nesse sentido que se inscreve o Fórum de Educação de Jovens e Adultos do Rio de Janeiro, espaço que se tornou realidade a partir de um sonho semeado na primeira reunião preparatória às Conferências Latino-americana e Internacional de Educação de Jovens e Adultos (essa última aconteceu na segunda quinzena de julho, em Hamburgo, Alemanha).

O Fórum é um espaço de mediação que reúne educadores de jovens e adultos ligados às mais diferentes experiências, governamentais e não governamentais, que interessadas em discutir, fortalecer e propor caminhos, no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, vêm se reunindo mensalmente.

Para comemorar um ano de intensas atividades e prestando uma homenagem ao Prof. Paulo Freire, o Fórum realizou, no dia 18 de junho, um evento com conferência, mesa redonda, relatos de experiências, mostra de vídeos e exposições que reuniu aproximadamente 500 educadores.

A marca do Fórum tem sido a de aliar, nas suas atividades, o político e o pedagógico: socializando informações importantes sobre financiamentos para a área; manifestando-se com veemência a respeito das decisões governamentais que só fazem confirmar, por analogia, o lugar de "área de serviço" ocupado pela EJA (educação de jovens e adultos)na política governamental; compartilhando as mais diferentes experiências e recursos pedagógicos e, fundamentalmente, construindo uma prática democrática diferenciada, quebrando o isolamento e dando visibilidade às experiências na necessária luta por uma educação de jovens e adultos com maior significação e qualidade.

Mots-clés

éducation populaire, éducation


, Brésil, Rio de Janeiro

dossier

Stimuler la systématisation d’expériences pédagogiques

Notes

Cleide faz parte da equipe do SAPÉ, integra os Coletivos de Educadores de Jovens e Adultos do Rio de Janeiro e Pernambuco. É membro da equipe do Boletim de interligação do Coletivo Rio.

Através do insentivo à produção e leitura de fichas de capitalização de experiências pedagógicas, a rede BAM pretende favorecer a um processo de formação continuada junto a coletivos de educadores de jovens e adultos (hoje, existentes nos estados do Rio de Janeiro e Pernambuco). Está apoiado numa metodologia que valoriza a autoria e promove a interação entre educadores de diferentes contextos.

Source

Texte original

SAPÉ (Serviços de Apoio à Pesquisa em Educaçào) - Rua Evaristo da Veiga, 16 SL 1601, CEP 20031-040 Rio de Janeiro/RJ, BRESIL - Tel 19 55 21 220 45 80 - Fax 55 21 220 16 16 - Brésil - sape (@) alternex.com.br

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