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Rede de desenvolvimento local integrado e sustentavel - DLIS

Pauline GROSSO, Rosemary GOMES

06 / 2003

Objetivos da Rede Dlis

A constituição dos atores locais como protagonistas de mudanças (o protagonismo local); a articulação entre organização/cooperação (ou construção de capital social) e aprendizagem/conhecimento (ou formação de capital humano); o fomento ao empreendedorismo integrado a redes e cadeias produtivas; a geração no território de novos padrões socioprodutivos e de reprodução ambiental; o exercício da indivisibilidade e exigibilidade dos direitos (econômicos, sociais, culturais e ambientais); a criação de novos espaços públicos de decisão e gestão; a mudança de cultura política - superando o setorialismo e desconstruindo o clientelismo; a busca de sustentabilidade dos processos locais.

A conjugação em maior ou menor grau destes elementos - sob diferentes ênfases e "portas de entrada" - está hoje presente em diversas formulações e iniciativas, constituindo a referência temática para a rede aqui proposta. Concebida, neste sentido abrangente, como uma rede em torno do desenvolvimento local integrado e sustentável.

Na trajetória brasileira, este tema se inscreve num esforço de construção trilhado em diferentes frentes - nos últimos anos sobretudo - com avanços, obstáculos e desafios que se redefinem de um tempo para outro. Desde a segunda metade dos anos 90, desenha-se um ambiente que envolve, entre outros traços gerais: i) a constituição de espaços ampliados de articulação, debate e formulação em torno do tema; ii) o exercício de estratégias de apoio ao desenvolvimento local com alcance nacional ou macrorregional e iii) a emergência de uma gama policêntrica de iniciativas sob o enfoque do desenvolvimento local.

O que torna esta rede desejável e possível, ou mesmo necessária?

Dois fenômenos, aparentemente contraditórios, podem ser identificados no período atual. De um lado, a diversidade: a realização de múltiplas iniciativas e formulações em torno do desenvolvimento local, a partir de atores diversos, com dinâmicas e características próprias.

De outro lado, o insulamento. Ou seja, informações e conhecimentos que pouco se integram e se falam, como que ilhados em universos institucionais semi-incomunicáveis, que nas suas distâncias parecem soar como uma babel do desenvolvimento local.

Face a este duplo fenômeno, um caminho também duplo deve ser perseguido: em um sentido, trata-se de facilitar o aporte de maior densidade e consistência à questão do desenvolvimento local; em outro, propiciar o trânsito e a comunicabilidade entre atores diferentes e locais diferentes. São processos inseparáveis, imbricados: a consistência supõe a comunicabilidade, a ampla circulação é ambiente gerador de conhecimento e mudança.

Nesta perspectiva, os objetivos gerais da Rede Dlis podem ser assim sintetizados:

  • Gerar maior qualificação e consistência à questão do desenvolvimento local;

  • Facilitar e ampliar a interlocução entre atores heterogêneos que trabalham e operam com o tema;

  • Propiciar acesso a informações úteis e serviços relevantes para pessoas/organizações interessadas ou envolvidas na promoção no desenvolvimento local;

  • Fomentar um cultura de trabalho cooperativo em amplo espectro - trabalho em rede.

Natureza e Características da Rede Dlis

Em primeiro lugar, propõe-se uma rede de informação e conhecimento em torno do desenvolvimento local. Seu foco, portanto, é o conhecimento compartilhado e expandido. Conhecimento que não prescinde - ao contrário, precisa - da contribuição teórica e da pesquisa. Porém, conhecimento não dissociado dos processos e práticas que se dão, sobretudo, nos locais.

O que se propõe como diferencial é a o tratamento sistemático de questões e pontos nevrálgicos relacionados ao desenvolvimento local. Isto significa, além de acompanhar o estado da arte em torno do tema, agregar e impulsionar a massa crítica existente, a partir das questões que mobilizam os diferentes participantes da rede.

Em segundo lugar, a idéia proposta é de uma rede de trabalho em sentido lato ou, pode-se dizer, uma "rede que trabalha". Mesmo que pareça redundante, esta ênfase no movimento, no fluxo, na iniciativa e no intercâmbio é fundamental para clarificar os propósitos e a natureza da Rede Dlis. A otimização do uso da Internet é um aspecto essencial, mas as possibilidades do meio eletrônico não são, por si só, geradoras de participação. Esta rede não se define exclusivamente como uma rede virtual: é, antes de tudo, uma rede social. Portanto, uma rede movida por pessoas com suas densidades próprias, seus vínculos intra e inter organizações e sua capacidade de iniciativa - como formuladores, multiplicadores, pesquisadores e agentes de processos de desenvolvimento local. Ou, simplesmente, como pessoas ativamente interessadas no tema e nas possibilidades de - em torno dele - agir em rede.

Em terceiro lugar, propõe-se - não o uníssono - mas uma rede mista e plural. Mista no sentido de envolver pessoas e organizações de naturezas distintas, na sociedade civil, no setor produtivo e no âmbito estatal, nas três esferas. Plural no sentido de incorporar diferenças e trabalhar divergências. Como já se disse, somente uma morfologia de rede - à diferença de uma pirâmide, uma árvore, um círculo ou uma teia - pode conter uma verdadeira diversidade funcionando como um todo, de modo que a polifonia não signifique pulverização ou cristalização de polaridades.

Os laços flexíveis que caracterizam uma rede permitem a convivência de proximidades e distâncias entre seus participantes, de acordo com suas inclinações e interesses. Porém, uma efetiva dinâmica de rede tende a fazer com que as relações construídas no processo prevaleçam sobre as disposições pré-existentes, ao gerar uma ambiente de ampla transparência, contrariando a lógica do "guardar para si" e estimulando a reciprocidade aberta.

Produzir um deslocamento comportamental, face à "cultura da desconfiança" e ao "espírito de demarcação", não significa inibir conflitos e divergências. Ao contrário, o debate e a visibilidade dos diferentes enfoques é aspecto essencial na vida desta rede. Contudo, os palcos de consenso e as arenas de conflito - ainda que naturalmente constituídos no processo - não se sobrepõem ao diferencial próprio de uma rede enquanto geradora de novos modos de produção e comunicação.

A possibilidade de convivência ente atores heterogêneos significa também um esforço de perda de defesas, exercício de tolerância e despreendimento institucional, ainda que obviamente não dissociado das motivações e interesses reais das pessoas e organizações, tomadas individualmente ou como campos específicos de articulação. Esta abertura, mais do que uma questão de generosidade - que não brota artificialmente - é uma questão de inteligência estratégica, sobretudo diante da força potencial da temática do desenvolvimento local, enquanto mudança paradigmática e cultural.

Em quarto lugar, sem prejuízo da diversidade, uma rede supõe uma identidade própria, que é em boa parte uma identidade de propósitos ou um projeto comum que induz à participação. No caso da Rede Dlis, isto significa primariamente: i) a consonância com elementos e princípios associados à idéia de desenvolvimento local integrado e sustentável - sob uma perspectiva de aprofundamento democrático, cidadania plena e gestação de alternativas sustentáveis de desenvolvimento, no contrafluxo dos processos geradores de exclusão social e degradação ambiental; ii) a identificação com os objetivos gerais desta rede; iii) o compartilhamento de princípios básicos de funcionamento, esboçados no item a seguir.

Em quinto lugar, é essencial ao espírito da proposta a necessidade de conectar esta rede a outras redes. Uma rede - enquanto tal - não ocupa lugar, nem trava lutas de alojamento e desalojamento. No caso da Rede Dlis pretende-se, mais do que conviver, contribuir para alimentar outras redes (principalmente aquelas com alto grau de densidade comum), sendo a recíproca igualmente verdadeira. Temos que ativar a lucidez estratégica e a capacidade prática neste sentido, ligando esta rede a outras redes e campos de articulação que envolvem mais diretamente o desenvolvimento local ou que com ele se conectam intimamente (a gestão local, o microcrédito, a socioeconomia solidária, a agenda socioambiental, as redes de capacitadores locais etc).

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